Canadá, 1994.
Logo após uma das piores tempestades já vividas pelo povo canadense, chega o dia do meu nascimento.
A sala branca do hospital era preenchida pelos gritos da minha mãe. Ela segurava os lençóis verdes e os apertava cada vez mais.
É, deve ter sido doloroso. Foi algo sobre eu estar na posição errada, não me recordo muito bem. E, após horas de agonia, - para minha mãe, digo – alguma deidade, ou a pura sorte, fez com que o meu pequeno corpo ficasse na devida posição.
· – Finalmente. – suspirou pesadamente e todo seu corpo relaxou. Algumas gotas de suor escorriam por sua testa, confirmando todo o seu esforço e cansaço. – Gostaria de segurá-las? – o médico perguntou enquanto cobria-me com a ajuda de uma enfermeira e outra cobria minha irmã. Sim, fora uma surpresa para meus pais também. Só descobriram que éramos duas, no dia do nascimento.
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· – Não, leve-as daqui. – respondeu baixo devido ao cansaço.
· – Meu amor, você não quer vê-las? São tão lindas. -– meu pai falou baixo e me lançou um olhar com ternura.
· – Eu não quero vê-las, não são minhas filhas. – respondeu áspera.
Minha mãe nunca aceitou a idéia de engravidar, e agora que soube que eram dois menos ainda. Em 1992 ela engravidou, primeiro filho. Era o anjo da família, mas devido a um problema de má formação ele acabou falecendo antes de o levarem para casa. Desde então ela não esqueceu o garoto e não aceitou uma nova gravidez.
Ela sempre nos rejeitou e jogou na nossa cara que o único filho que ela teve morreu, que não significamos nada para ela. Meu pai faz o que pode, mas está sempre muito ocupado com o serviço, então nos vemos muito pouco.
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